[:en]<img src=’https://novo.pedroprado.com.br/imgs/2005/731-1.jpg’>
O chileno Samy Frenk, um dos primeiros profissionais a oferecer sessões de Rolfing em São Paulo, no final dos anos 70, concedeu esta entrevista a José Augusto MenegattiCarla Lee, em Ilhabela, em março deste ano. Samy formou-se em Odontologia na Universidade do Chiledepois seguiu outros estudos científicos como assistente dos doutores Bjorn HolgremHumberto Maturana. Antes de tornar-se rolfista, ele estudoutrabalhou no M.I.T. ? um dos principais centros mundiais de tecnologia, em Massachusetts (EUA).
Ele diz que decidiu formar-se rolfista após receber algumas sessões que o livraram de fortes dores provocadas por um acidente, no Colorado. Samy conta também como era a formação básica de Rolfing naquela época ? meados dos anos 70 -comenta como vê, hoje, o Rolfing Movement.
+ Qual foi a sua formação acadêmica?
– Fiz meus estudos secundários no Internato Nacional Barros Arana. Depois, formei-me na faculdade de Odontologia da Universidade do Chile.
+ Como foi a sua trajetória no campo da ciência?
– Comecei como cientista no departamento de Fisiología da Universidade do Chile, incorporando-me à equipe do Dr. Bjorn Holgrem. A temática na que estávamos envolvidos era a sobre o papel do aparelho de Golgi ou do fuso muscular no desencadeamento dos movimentos voluntários. Neste trabalho os sujeitos de experimentação éramos nós mesmos. No procedimento experimental colocávamos o antebraço em molde de gesso, deixando de fora o polegar, que estava conectado a um sistema que registrava os movimentos em papel. Então o nervo braquial era estimulado na região acima do cotovelo, depois era aplicado um anestésico local (os anestésicos bloqueiam seletivamente as fibras mais finascom isso ficávamos certos de que a influência do motoneurônio gama sobre o fuso era eliminado). Minha lembrança mais forte é de uma oportunidade quando por engano aplicaram 400 volts. No meu braço. Claro que movimentei não apenas o braço, mas o corpo todo!
+ Quando foi o seu encontro com Humberto Maturanaqual era a temática?
– Eu assisti a uma palestra que Maturana ofereceu a respeito das respostas das cálulas ganglionares das rãs, a diversos estímulos, o que aparentemente permitia dizer que na retina existía agluma coisa semelhante a filtros, para captar detalhes do mundo visual. Depois de convencê-lo a me aceitar como assistente, começamos a trabalhar na retina das pombas. Dois anos depois ganhei uma bolsa de estudos da fundação Guggenheim, no M.I.T. (Massachusetts Institute of Thecnology) Maturana ficou trabalhando na visão de cores. Quando voltei do M.I.T. descobri que o Humberto tinha percebido que a melhor forma de compreender o problema era pensar que o sistema nervoso trabalhava como um sistema fechado, isto o forçava a compreender a percepção como um fenômeno totalmente diferente da forma como o tínhamos encarado até aquele momento.
+ O que você estava fazendo quando descobriu o Rolfing?
– Eu trabalhava na Escola de Medicina da Universidade de Colorado, estudando processos de regeneração do nervo Vago no coração de rãs.
+ Fale do seu acidenteo efeito das sessões de Rolfing que recebeu de Charles Swenson.
– O acidente de carro que sofri no Colorado me afetou profundamente na cintura escapular, deixando um espasmo muito forte na região das escápulas. O efeito das sessões foi: 1) tiraram a dor; 2) comecei a experimentarsentir o corpo de forma totalmente diferente. Troquei de mulherde profissão.
+ O que atraiu você para o treinamento de Rolfing?
– A posibilidade de trabalhar com pessoasacompanhá-las no seu desenvolvimento pessoal. E também o estilo de vida que o Rolfista levava.
+ Como era o treinamento naquela época? Oferecia alguma preparação aos candidatos que não vinham da área da saúde?
– Naquela época o treinamento era oferecido em duas etapas: AuditorPractitioner, deixando seis meses de intervalo entre elas. Os pré-requisitos tinham mais a ver com que os estudantes tivessem um treinamento em escolas de massagem, o que lhes permitia tocar as pessoas, pois esta é uma exigência legal nos Estados Unidos. Lembro que aos psicólogos pediam que fizessem cursos de anatomia, fisiologíacinesiologia, que podiam ser realiza dos por correspondênciaem diversas instituições.
+ Qual era a linguagem falada pelo grupo do Rolfing naquela época?
– A minha experiência, na fase de Auditor, foi encontrar um grupo de practitionersprofessores que utilizavam conceitos que, para mim, eram totalmente desconhecidos. A impressão que tive foi a de entrar num vagão de trem no qual todos sabiam sobre o que estavam falando, exceto nós, os auditors que, à força de escutar, conseguimos incorporá-los. Era interessante ver que cada professor entendia o processo de uma forma diferente. Todos tinham a receita, mas as bases nas quais ela se sustentava era diferente para cada um deles. Hemmet a relacionava com as propriedades dos números, como eles eram entendidos no mundo do esoterismo. Já o Peter Melchor tinha uma visão mais pragmáticao Jan Sultan supunha que os padrões anatômicos originavam uma organização aleatória do corpo. Havia uma certa discussão sobre se, na verdade, a escola de Rolfing era una escola esotérica.
+ Qual foi a sua trajetória depois do treinamento?
– De 1979 a 84, dividi meu tempo entre Boulder (Colorado)São Paulo. Morei em São Paulo entre 19841987, quando me mudei para Barcelona, Espanha. Em 91 voltei para o Chile onde estou até agora.
+ Diferentes culturas produzem diferentes corporalidades, como você lidou com esse aspecto? Você sempre usava a receita?
– Sim, sempre usava a receita. Neste aspecto, foi interessante perceber que, sempre que fazia a sexta sessão, no Brasil, as nádegas dos clientes ficavam mais altasproeminentes, coisa muito apreciada neste país. Quando cheguei na Espanha, soube que as espanholas não gostavam de ter nádegas altas e, para minha surpresa, a mesma sessão na Espanha produzia nádegas para abaixo. Não tenho explicação para este fato.
+ Como era o treinamento avançado, naquele tempo?
– As aulas de Rolfing avançado estavam organizadas ao redor dos praticantes, fazendo as dez sessões sob a supervisão do professor, além do que eles mostravamfalavam a respeito das cinco chamadas ?sessões avançadas?.
+ Você continua ativo como cientista?
– Se havia alguma coisa que me caracterizava como cientista era a minha atitude de me perguntar constantemente, de onde eu obtinha a informação que dizia tercomo justificava as pressuposições que eu fazia ao olhar a ciência. Minha preocupação sempre foi com os mecanismos que eu usava para validar ou rejeitar o material que me era apresentado. Como cientista não creio continuar ativo. Mas com certeza mantenho meu afã de entender como validar as informações que estou recebendo.
+ Você acredita que pode mudar ou integrar a estrutura humana? O que você pensa que o Rolfing faz ou estimula?
– Sim, acredito que é possível mudar ou integrar a estrutura humana. Acredito que, abaixo das camadas culturais superpostas no corpo, há certas estruturas biológicas que, ainda quando estão submersas pelo anterior, é possível traze-las à superfíciepermitir reintegrá-las na nossa vidanas relações diárias.
+ Como foi pra você as suas primeiras experiências com o Rolfing Movimento?
– No início entendi que o que me ensinavam, como Rolfing Movimento, era um procedimento de boas maneiras ou etiqueta, de como devia me relacionar com meus clientes. Também os conceitos como o caminhar deveria ser considerado como o deslocamento da linha, ou o caminhar como resultado de querer impedir que a pessoa caísse ao chão. Acredito que muitas vezes, quando usamos metáforas, a mente acaba confundindo a metáfora com o fato.
+ Qual a sua posição hoje a respeito do Movimento?
– Durante um grande período da minha carreira como Rolfista pensei que o importante era a postura, sem perceber que, de uma postura sai um movimentoque o importante na vida diária é integrar a postura com o movimento. Porque na verdade temos muito poucos momentos posturais, o resto do tempo estamos nos movimentandoaí aparece o movimento, sob os efeitos do campo gravitacional, partindo de uma posturaterminando em outra postura.[:de]<img src=’https://novo.pedroprado.com.br/imgs/2005/731-1.jpg’>
As you register, you allow [email protected] to send you emails with information
The language of this site is in English, but you can navigate through the pages using the Google Translate. Just select the flag of the language you want to browse. Automatic translation may contain errors, so if you prefer, go back to the original language, English.
Developed with by Empreiteira Digital
To have full access to the content of this article you need to be registered on the site. Sign up or Register.