Entrevista com Jonathan Martine

O rolfista e professor do Rolf Institute Jonathan Martine esteve no Brasilministrando o curso de Mobilização Neural, de 1 a 9 de setembro de2012. Jon Martine se inspira nos trabalhos de Ida Rolf, Jean‐PierreBarral, David Butler, Michael Shacklock e Don Hazen, fazendo umasíntese que relaciona o trabalho neural e visceral.
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Year: 2012
Associação Brasileira de Rolfing

Rolfing Brasil – 02/2012

Volume: 12
O rolfista e professor do Rolf Institute Jonathan Martine esteve no Brasilministrando o curso de Mobilização Neural, de 1 a 9 de setembro de2012. Jon Martine se inspira nos trabalhos de Ida Rolf, Jean‐PierreBarral, David Butler, Michael Shacklock e Don Hazen, fazendo umasíntese que relaciona o trabalho neural e visceral.

Rolfing Brasil: O que você fazia antes de ser rolfista, qual é a sua formação?

Jon Martine: Antes de ser rolfista, eu estudei para ser assistente social. Tenho um passado com trabalho social. Trabalhei em creches, dirigi um abrigo para adolescentes com problemas com a lei, com a família, problemas de abuso ou negligência.

Rolfing Brasil: Em Boulder?

Jon Martine: Sim, em Boulder.

Rolfing Brasil: Você nasceu em Boulder?

Jon Martine: Não. Eu mudei de cidades muitas vezes: Nova Iorque, Nova Jérsei, Washington, Virginia, Connecticut, New Hampshire…

Rolfing Brasil: Fazendo este trabalho?

Jon Martine: Não, com minha família. Quando cheguei a Boulder foi o momento em que estava entrando na Faculdade, para estudar Assistência Social.

Rolfing Brasil E depois começou o trabalho social em Boulder.

Jon Martine: Sim, com os adolescentes. Foi o meu último trabalho antes do Rolfing. Eu estava procurando uma especialização em trabalho psicoterapêutico centrado no corpo,pensei que eu deveria aprender sobre o corpo antes. Encontrei o Rolfingoutras coisasparei por aí!

Rolfing Brasil: Há muitas influências no trabalho de Rolfing. Como foi o seu caminho até o trabalho de mobilização neural?

Jon Martine: Estudei originalmente com os osteopatas franceses, como Didier Pratt, depois com o osteopata americano Tom Shaver. Depois estudei manipulação visceralcraniana. A parte neural foi a próxima etapa que me foi oferecida. Don Hazen foi uma influência, eu fiz assistências para ele por um tempo. Depois, descobri que queria mais informação diretamente da fonte. Uma das pessoas com quem Don Hazen tinha estudado era Barral, então fui atrás das classes de Barral. Depois, Michael Shacklock, fisioterapeuta australiano,David Butler, foram influências.

Rolfing Brasil: Qual seria a diferença significativa para o cliente entre os resultados de dez sessões de integração estrutural, com manipulação fascial tradicional,dez sessões de mobilização neural?

Jon Martine: Difícil predizer qual seria o resultado se eu não utilizasse este material, eu mudo de camada nas fáscias específicas enquanto trabalho. Então, se alguém me pergunta o que estou fazendo, enquanto estou trabalhando, eu posso dizer em que camada estou, mas eu não interrompo no meio, então… Acho que pode ser mais fácil de receber o trabalho, quando você é mais preciso com as fáscias que você está tocando, seja fáscia nervosa, ou articular, ou miofascial, ou fáscia visceral, ou fáscia craniana. Pode ser mais fácil para o cliente, mais fácil para o terapeuta,parece que os resultados tem um efeito duradouro diferente do que no trabalho tradicional. É difícil fazer uma comparação sem soar ?um é melhor do que o outro?.

Rolfing Brasil: Quais as qualidades de um bom integrador estrutural?

Jon Martine: Escuta é a habilidade primária. Então, escute com os seus ouvidos, escute com o seu toque, escute com seus sentidos. E depois, seja capaz de responder, com uma resposta informada,não com uma ideia pronta do que seria a resposta.

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Rolfing Brasil: O que te inspira?

Jon Martine: Em termos deste trabalho, sempre há mais para aprender. Aprendo toda vez que ensino, com meus alunos, aprendo toda vez que estou com um colega professor… Fico muito estimulado com a comunidade maior de terapeutas corporaiseducadores somáticos, dedico bastante tempo aprendendo com outros grupos. Isto me ensina o que eu sei, o que nós sabemos como grupo, o que não sabemos,onde estamos. Penso que a comunidade maior talvez seja uma coisa confusa para muitos rolfistas. Nós não temos uma identidade clara,não sabemos o que fazer para complementar outras práticas.

Rolfing Brasil: E por que você acha que isso acontece? Isso de nós não sabemos quem somoso que fazemos?

Jon Martine: Nossa prática não é claramente definida pela cultura comum. Nós não nos ?encaixamos?, temos influências diferentes, mas não somos, por exemplo, psicoterapeutas. Somos influenciados pelos manipuladores de articulaçõesde ossos, mas não somos quiropraxistas, não somos osteopatas. Somos influenciados pelos educadores de movimento, mas não somos Feldenkrais, nem Pilates, ou Tai-chi, ou o que quer que seja. Somos integradores estruturais, manipulamos a fáscia,isso envolve uma transformação, mas não nos encaixamos… Não fizemos um bom trabalho na construção de aliados à nossa prática, parceiros de outros grupos. Pode ser parte do nosso isolamento, da nossa distribuição interna ROLFING® BRASIL 6 separação. Adoraria ver nosso grupo saindose relacionando com outros grupos, porque quando você não tem uma perspectiva para comparação, você pode sentir-se muito especial na sua caixinha.

Rolfing Brasil: Como você relaciona o aspecto psicobiológico no seu trabalho?

Jon Martine: Dependendo do cliente, na minha prática, isto pode estar em primeiro plano, ou no pano de fundo. Acredito que está sempre presente, mas dependendo da pessoa, pode ser mais consciente ou mais inconsciente. Então, tenho que trabalhar com a camada de disponibilidade do cliente quando ele chega,com suas expectativas. Mas acho que está sempre presente, num nível ou no outro, quando estamos trabalhando para entrar em contato com a experiência do outro.

Rolfing Brasil: E como você vê interocepçãoexterocepção, o aspecto da orientação espacial? O trabalho de movimentode relação com o outro? Você trabalha nesta direção?

Jon Martine: De novo, faz parte da minha palheta. Posso escolher trabalhar com esta ferramenta, alguns clientes vão estar disponíveis para isso, outros não. Mas isso acontece, de uma maneira ou de outra, com a maioria dos meus clientes. Há maneiras de fazer isso, sem precisar nomear de ?orientação interna? ou ?orientação espacial?, há maneiras habilidosas de fazer isso utilizando a linguagem própria do cliente.

Rolfing Brasil: É uma maneira de ensinar sem dar nomes complicados, de maneira a não afastar as pessoas?

Jon Martine: É, é preciso ter a habilidade de ir encontrar o cliente onde ele está. Pode ser preciso traduzir aqueles conceitos,não usar as palavras que usamos. Então, eu posso falar de orientação sem usar esta palavra, uma sensação de descansar no chão, ou se orientar no espaço, ou o que quer que seja, há maneiras de encontrar as pessoas. Sejam elas médicos ou bailarinos ou empreiteiros construtores, você vai ter que falar de maneiras diferentes.

Rolfing Brasil: Você aprendeu isso no seu trabalho anterior como assistente social ou quando você se tornou professor?

Jon Martine: Provavelmente é algo que vem de forma natural, não é algo que fui buscar no meu treinamento. Mas ser professor é sempre um ?work in progress?eu aprendo com todos que observo ensinando, seja na nossa comunidade ou em outros treinamentos. E eu passei muito tempo em outros treinamentos, assim como passei muito tempo nos nossos próprios treinamentos.

Rolfing Brasil: Quais tipos de outros treinamentos?

Jon Martine: Eu estava estudando com Hubert (Godard)nós fizemos muito trabalho de Pilates. Eu senti que estava faltando alguma coisa, então fuifiz uma certificação em Pilates. Hubert estava mencionando os pesquisadores de dor lombar,eu senti que estava perdendo alguma coisa na tradução, então fui estudar com Mark ComerfordDiane Lee. Comerford trabalha com Paul HodgesCarolyn Richardson, que fazem a pesquisa de dor lombar na Austrália. Comerford ensina exercícios de movimento para reabilitação. Enfim, entrei nessas aulas, fisioterapia, trabalho de crânio, dinâmicotradicional, muita coisa. E depois as aulas do Barral.

Rolfing Brasil: Na França?

Jon Martine: Não, eles vão o tempo todo ensinar nos Estados Unidos. São módulos de manipulação visceral, as aulas de sistema nervosodepois os módulos avançados de integração.

Rolfing Brasil: Você não restringe suas classes a rolfistas. Como você sente a presença de profissionais de outras áreas nos seus cursos?

Jon Martine: Bem, há alguns fisioterapeutasmassoterapeutas,me parece que eles tem formação suficiente de habilidades de toque para absorver o material. Para a profissional de experiência somáticaa psicoterapeuta, que não tem tantas ferramentas, é um aprendizado mais fundo, é mais desafiador para eles.

Rolfing Brasil: O que chamou a sua atenção nos rolfistas brasileiros?

Jon Martine: São muito abertosquerem aprender. Muito receptivos a novas informações, querendo experimentar, sem desejar a perfeição. Acho que as pessoas se atrapalham em alguns treinamentos quando elas esperam ser perfeitas, imediatamente. Muito abertos, generosos com a sua atenção.

Rolfing Brasil: Como foi sua experiência no Brasil?

Jon Martine: Toda a viagem foi agradávelcompensadora. Os organizadores – Sophia, MarceloMonica ? cuidaram de cada detalhe da jornada. Desde o momento da chegada, eu me senti bem-vindocuidado. Os brasileiros são calorososamigáveis. A localização do curso era boasossegada, as acomodações bonitas. Foi uma viagem incrívelsinto que as aulas foram um tremendo sucesso.

Rolfing Brasil: Você está planejando voltar ao Brasil? Tem planos para o futuro?

Jon Martine: Em primeiro lugar, certamente estou planejando voltar, já estou olhando a agenda pensando nisso. E para o futuro, adoraria escrever alguma coisa, um livro… Mas por enquanto fico tão animado ensinando,é preciso tirar um tempo para escrever, então… talvez, por enquanto, uma colaboração, ou um e-book.

<i>Entrevista realizada por Lúcia MerlinoMonica Caspari, com assistência de Ana Maria Gilioli, na Pousada Maristela, Tremembé, SP, em 07/09/2012. Tradução de Lúcia Merlino.</i>

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