Cada pessoa é única,seu existir expressa um comportamento que é único, mas também há de ser considerado que a expressão humana não se explica pela anatomia, mas sim pelas relações, que são aprendidas. Ou seja, antes de se tornar social, é necessário reconhecer-se enquanto indivíduo. Pois, para o profissional de integração estrutural, é necessário compreender este indivíduo inserido em seu contexto sócio, históricocultural, compreender que o sucesso de seu trabalho como Rolfista depende de uma relação, onde esteja sempre preservada a individualidade. As informações que trago neste trabalho mostram como nós humanos nos organizamos,não como nos desorganizamos ao longo de um processo evolutivo,quão verdadeirogenuíno é cada indivíduo. E, principalmente, como aproveitar o seu próprio processo evolutivo em seu único benefício. Para tanto, ao invés de procurar desorganizações ou deficiências, prefiro verenfatizar como as pessoas resolveramse adaptaram às situações que se lhe apresentaram em seus processos de vida. E, com este objetivo, é imprescindível se levar em conta que, em um organismo vivosaudável o aspecto básico a ser considerado, para que haja movimento, é a qualidade de tônus presente no sistema miofascial, pois quando em hiper-tonicidade ou hipo-tonicidade a qualidade motora é comprometida. Esta é a segunda parte do artigo que iniciei na edição anterior,e que busca contribuir com informações atuais, do que já foi descoberto pela neurociência, a respeito da Função Tônicao Comportamento Humano,de como este conhecimento é aplicável ao nosso trabalho de Rolfing.
Vejamos agora a função tônica sob o aspecto evolutivo desde a gênese, passando pela filogênesea ontogênese do comportamento humano sob o ponto de vista da neurociência.
Gênese
O que caracteriza um organismo como vivo? Esta pergunta na visão biológica de MaturanaVarela (1995) é respondida com uma proposta de que, os seres vivos se caracterizam por estarem constantemente se reproduzindo a si mesmos ? o que indica quando chamamos a organização que os define de organização autopoiética.
Uma unidade autopoiética celular apresenta seus componentes moleculares dinamicamente relacionados em uma contínua rede de interações, distinta do meio circundante. Em bioquímica estas transformações químicas caracterizam o que é chamado de metabolismo celular. O metabolismo celular produz componentes que integram a rede de transformações que os produzem. Alguns destes componentes formam uma fronteira membranosa que delimita esta rede de transformações. Esta membrana não apenas limita a rede de transformações que produz seus componentes, mas também está integrada nesta rede. A arquitetura espacial desta rede impede que o metabolismo celular se desintegre tornando-se uma ?sopa molecular?, o que tornaria impossível a formação de uma unidade celular (MaturanaVarela, 1995).
Temos, portanto, que a possibilidade de existir enquanto indivíduo acontece no momento em que se caracteriza a delimitação entre o que é meio internoo que é o meio ambiente, onde este indivíduo habita.
A organização das estruturas internas acontece graças ao estabelecer-se de um tônus de base, que irá determinar o grau de sofisticação de conduta deste indivíduo. A capacidade de se mover nos seres unicelulares depende da correlação entre as superfícies sensoriaismotorasesta correlação acontece graças a transformações metabólicas no interior da célula.
Em organismos unicelularesmetazoários já é possível observar uma certa sinergia sensorial motora que revela uma certa modulação tônica.
Filogênese
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Somente os organismos que se deslocam de um lugar para outro possuem cérebro. Portanto, a existência de um sistema nervoso centralperiférico deve ser considerado fator preponderante em seres multicelulares que apresentem capacidades motoras mais complexas.
Nas diversas etapas do processo evolutivo, passando dos seres aquáticos aos seres terrestresalados, os animais foram se adaptando ao meio ambiente. As diversas formas de deslocamento que observamos no reino animal foram modelando a estrutura dos seres para que estes pudessem tornar-se o mais eficiente possível na sua relação com o meio ambiente. Portanto, da ameba ao mamífero, quanto mais adaptado está o organismo, maiores as chances de vida.
Qualquer forma de vida que se mova precisa controlar seus níveis de tônus para ser eficiente em suas atitudes de fugaataque, portanto, do peixe ao humano, esta modulação tônica emergente do acoplamento sensório-motor está presente, via sistema nervoso autônomo. É privilégio humano a presença do cérebro mais hierarquizadomais diferenciado no mundo animal. Na filogênese humana alguns fatores tornaram esta modulação tônica mais complexa.
A vida nas árvores revela um desenvolvimento muito mais elaborado dos órgãos sensoriaismotores, quer exteroceptivos, quer proprioceptivos, levando à uma expansão cerebral somente possível com as alterações morfológicas ocasionadas pela locomoção arborialposteriormente pela locomoção ereta. A complexa coordenação, harmonia, regulação de movimentosequilíbrio para a vida nas árvores revolucionou o cérebro dos primatas com novas áreasnovas conexões. O sistema piramidalcerebelar já estavam presentes nos hominídeos.
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O cérebro humano contém três tipos de cérebro filogeneticamente reconstruídosrecombinados, que revela a evolução das espéciesse compõem de três setores hierarquizados.
– Reptiliano
O mais antigo; inclui estruturas responsáveis pelo atender das funções biológicas vitais, o sono, os estados de atençãovigilância,respostas reflexas.
– Paleomamífero
A herança ancestral compreende a sensibilidade protopáticao sistema límbico, mediadores dos impulsos relacionados à sobrevivência, reproduçãofunções pré-alimentares, através de sistemas antagônicos de procura /fuga, defesa/ataque, que visam a satisfação de tendênciasnecessidades (adaptativasemocionais).
– Neomamífero
Também chamado de neocórtex de aquisição, filogeneticamente recente, com uma estrutura a mais hierarquizadaorganizada já conhecida; está presente em todos os mamíferos superioresprincipalmente no humano. Esta estrutura revela a sensibilidade gnósica ou epicríticaé responsável pela programação da motricidade voluntárialinguagem, permitindo a manipulação de objetos, as praxias, o pensamento lógicoquantitativo, o simbólicoo conceitual, a resolução de problemas, o reconhecer de experiênciasacontecimentos, o julgamento sociala tomada de decisões; portanto comportamentos humanizados.
Outros termos são encontrados: Rombencéfalo (cérebro posterior) predominante nos répteis; Mesencéfalo (cérebro médio) nos vertebrados inferioresprosencéfalo (cérebro anterior) com uma subdivisão em Diencéfalo, compreendendo as estruturas talâmicas,o Telencéfalo com os hemisférios cerebrais com um alto grau de diferenciação nos primatasposteriormente no humano (Vitor da Fonseca, 1998). Vejamos uma outra organização de pensamento…
Ontogênese
A ontogênese revela a evolução desde a fecundação até a idade adulta, mas, neste momento, passarei a considerar apenas a evolução do humano. Também vale lembrar que existem outras propostas na organização cerebral funcional mas estou optando pela proposta de A . R .Luria (Fonseca, 1998).
A razão desta opção está na aceitação, por parte deste autor de que a melodia cinética está vinculada ao organismo sempre atuando como um todo, indivisívelintegrado ao meio ambiente. A proposta deste autor é uma organização em três blocos:
– Bloco 1
Apresenta o tronco cerebralrombencéfalo regulando a bioenergia, a atençãoa função tônica garantindo as bases dos vários processos cerebrais, dependentes da substância reticulada, onde se operam os processos primários da discriminação intersensorial.
– Bloco 2
Apresenta os lóbulos occipital, temporalparietal que interferem na análise, codificaçãoarmazenamento de informações visuais, auditivascinestésicas, processando-as em seleção, distribuiçãoidentificação (zonas primárias); codificando-asconservando-as (zonas secundárias)combinando-as em termos de conduta (zona terciária).
– Bloco 3
Apresenta o lóbulo frontal, envolvido na formação das intençõesna associaçãoutilização da informação, conservadaretida, planificando-aprogramando-a em termos de comportamento.
A modulação tônica
A harmonia cinética, estendendo-se da mobilidade à motilidade orgânica, depende da atividade conjunta dos três blocos citados. Esta sofisticaçãocomplexidade do sistema nervoso centralperiférico humano, acontece em um processo cronológico (histórico/evolutivo), é parte de uma evolução global, sendo produto da relação com o meiocom o outro, sendo portanto relacional.
Todaqualquer forma de vida está equipada biologicamente com um aparato sensorial que permite captar informações do meio ambiente, processá-las e, através de um aparato motor, interagir de forma eficiente garantindo sua sobrevivência, sem, no entanto, modificar o meio ambiente.
O humano, apresenta-se, ao mesmo tempo produtoagente,no seu agir modificaé modificado pelo meio, apresentando um comportamento extremamente complexo;qualquer tentativa de explicar o comportamento humano precisa incluir um contexto social, histórico, culturalemocional humano.
As emoções são dinâmicas corporais que especificam os domínios de ação em que nos movemos. Uma mudança no estado emocional deveria implicar em uma mudança de domínio de ação. Se queremos entender o comportamento humano não temos que observar o movimento ou atitude como uma operação particular, mas sim a emoção que o possibilita (Maturana, 1999).
Para cada estado emocional expressado de forma genuína, deveríamos apresentar um tônus coerente com as dinâmicas corporais que o caracterizam. Considerando estes aspectos até aqui apresentados, inseri em meu trabalho uma proposta de ensinar explorando com o cliente o identificar, reconhecercompreender os diferentes estados tônicos envolvidos no seu expressar.
Podemos dizer que, não nascemos humanos, mas que nos tornamos humanos no convíviona relação com o social humano.
A ausência do contexto social humano
Leiam este relato sobre duas crianças de uma aldeia Bengali no norte da Índia que, no ano de 1922, foram resgatadas (ou capturadas) de uma família de lobos que as criavam. Estas crianças estavam sendo criadas por lobos em total isolamento de qualquer contato humano, uma delas com 8a outra com 5 anos. A menor morreu logo depois de ser ?encontrada?a outra, sobreviveu por mais 10 anos com outros órfãos com os quais convivia. Quando encontradas, as crianças não andavam de pé na atitude bípede humana, mas moviam-se com muita agilidade na posição quadrúpede; não falavamsuas faces não apresentavam expressões humanas. Só aceitavam carne crua, tinham hábitos noturnospreferiam a companhia de cãeslobos. Um dado interessante; quando encontradas estavam perfeitamente saudáveisnão apresentavam nenhum sintoma de debilidade mental. A separação da família lupina causou-lhes uma profunda depressão que as levou a beira da morte, tanto que a mais nova realmente faleceu.
A menina que sobreviveu, por mais dez anos, acabou por mudar, em parte, seus hábitos alimentaresseus ciclos de atividade, aprendeu a postura bípede, mas sempre voltava a correr de quatro quando em situações de urgência. Nunca aprendeu a falar, embora chegasse a usar um punhado de palavras. A família do missionário anglicano, que cuidava destas crianças,outras pessoas que as conheceram intimamente, afirmaram que nunca sentiram que fossem realmente humanas.
Este caso ?não é o único ? mostra que, embora a constituição genética, a anatomiaa fisiologia fossem humanas elas nunca estiveram inseridas em um contexto humano. O comportamento delas, no entanto, era totalmente natural no contexto lupino. Este textofotos foram compilados do livro ?A arvore do conhecimento?, Humberto MaturanaFrancisco Varela, 1995.
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A evolução do acoplamento sensório motor, do qual emerge a modulação tônica destas crianças, aconteceu na relação com o meio ambientecom os outros seres que não eram de sua espécie, atendendo a deslocamentos, gestosexpressões dos lobos, permitindo, portanto, um comportamento eficientecompatível ao contexto experienciado. Isto reforça que, no aspecto comportamental, a modulação tônica está envolvida com aprendizagem.
A evolução neural
O quadro abaixo apresentado por Vitor da Fonseca (1998)apoiado em resultados obtidos por diversos autores citados em seu trabalho, mostra a evolução da maturação neural, da qual dependem a possibilidade da modulação tônicaa conseqüente emergência comportamental.
(ver tabela abaixo)
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Período
de
Desenvolvimento Semanas de
Idade após
a concepção
Desenvolvimento do Comportamento Neuromuscular
EMBRIONÁRIO 5-6 Diferenciação das fibras musculares excitáveis. Inervação dos motoneurônios alfa.
6-7 Ativação dos motoneurônios das unidades motoras (através dos axônios mielinizados).
7-8 Os neurônios aferentes estabelecem conexões periféricascentrais não mielinizadas (sistemas do trigêmio).
8 Reflexos orofaciais cutâneos.
FETAL 9-10 Movimentos espontâneos. Reflexo de Moro (a partir dos receptores vestibulares).
12 Diferenciação dos fusos neuromusculares. Movimentos oculares. Reflexos do pescoço. Reflexos palmaresplantares.
cont.
FETAL 14 Diferenciação dos núcleos cinzentos da medula. Ativação dos fusos neuromusculares. Movimentos localizados dos lábios, da língua, da cabeça, do troncodos membros.
16 Movimentos dos músculos respiratórios (intercostais, anteriores ao diafragma). Mielinização de fibras no SNC ( nas vias intersegmentais do pescoço nos nervos vestibulares).
24 Mielinização das vias dorsaismédio-longitudinais da medula. Mielinização dos nervos motores cranianos, seguidos pelos nervos aferentes (em primeiro o Vestibular).
Mielinização das vias reticulomedulares, tectomedularesvestibulomedulares. Mielinização dos nervos raquidianos (motores antes dos aferentes).
28 Reflexo mímico-facias. Coordenação dos reflexos cervicais (Reflexo de Magnusreflexo de Klein). Mielinizaqção das vias medulocerebelosasmedulotalâmicas.
32 Efeitos do reflexo vestibular nos músculos dos olhosnos músculos dos membros.
36 Mielinização nas vias projetivas corticaisnos nervos óticos.
NASCIMENTO 36-37
38 Reflexos da marchada reptação.
40 Movimentos de perseguição ocular.
Controle voluntário começa a observar-se.
42 Reflexo da extensão da cabeça em decúbito ventral.
50
(3 1/2 meses) Efeitos dos reflexos visomotores no pescoço, troncomembros. Reflexo de suporte nos braços.
60
(6meses) A cabeça acompanha o tronco até a posição de sentado, quando o bebê é suspenso pelos braços, desde a posição de decúbito dorsal.
64
(7meses) Senta-se sem suporte. Movimentos de exploração.
INFÂNCIA 68
(8 meses) Bipedismo com suporte. Dominância cerebral começa a estabelecer-se bem como a preferência manual (lateralidade).
70
(8 1/2 meses) Quadupedia exploratória. Reflexos de suporte nas pernas.
80
(11 meses) Marcha com suporte.
100
(16 meses) Marchapostura bípedes independentes.
A capacidade de modulação tônica atende às necessidadesqualidades de movimento que emergem em cada fase. Mudança de comportamento exige mudança na modulação tônica.
Como os padrões de ativação tônica se organizam.
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Como já citado, o neonato apresenta uma hiper-tonicidade apendicularuma hipo-tonicidade axial. A vida intrauterina exigiu uma atitude em enrolamentoflexão dos membros que revela a ausência de capacidade de extensão. Durante os três primeiros meses de vida extra-uterina a criança vive em uma simbiose fisiológica/afetiva, em total dependência da mãedas pessoas que dela cuidam. A única forma de comunicação existente é através de um diálogo tônico. O tempo de espera para ter atendida suas necessidades geram uma hiper-atividade tônica (e ela grita), que só se dilui com a mamada, o carinho, o banho oferecido pela mãeo sono. Estas fases, digestão/sono/ nova alimentação/excreção, se repetirão até que suas capacidades motoras sejam ampliadasa criança possa se tornar independente. A maneira como o bebê é acolhido, alimentado, embalado, são fatores essenciais para sua aprendizagem emocional, pois é no nível tônico apresentado pela mãepessoas próximas, que ele, através do contato, aprende a aceitarse entregar ou reagirenrijecer.
As atividades de relação virão bem mais tarde, pois dependem de uma maturação neural que permita em um primeiro plano o reconhecer-se enquanto indivíduo diferenciado da corporalidade materna . As diferentes fases evolutivas que estão presentes na ontogênese repetem, de certa forma, a filogênese – do ser aquático ao réptil, deste ao quadrúpede, do primata ao humano. Os padrões de ativação tônica não adequados assimilados no transcorrer deste processo de maturação, podem se perpetuar transformando-se em comportamentos futuros inadequados. Determinadas dinâmicas corporais no adulto revelam atitudes infantis que se cristalizaram.
Nosso trabalho pode, em minha opinião, ao sensibilizarmos as pessoas para a identificação, reconhecimentocompreensão destes estados tônicos, criar novas opções de ações que possam ser mais confortáveiseficientes.
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Retrogênese
Estivemos falando até agora da evoluçãoda modulação tônica. À vida esta implícita a morte. Em um determinado momento, em nossos processos de vida, inicia-se uma involução genética. A ciência, graças à imensa capacidade de aprendizagem humana, vem conseguindo resultados impressionantes no prolongamento da vida.
Na última década, recursosmais recursos têm sido viabilizados para pesquisas em neurociência. O foco da atenção de cientistas no mundo todo está voltado para a evolução do cérebro humano, nosso centro operativo. Considerando que a integridade do sistema nervoso centralperiférico é fundamental à modulação tônica, podemos utilizar as descobertas mais recentes para sofisticarmos o nosso trabalho para com as pessoas de terceira idade. Um dado importantíssimo é que as funções cerebrais são enriquecidas pelas ofertas de movimento, modificando sua conectividade à medida que acontece uma realimentação constante, através das informações sensoriais que provém do meio ambientedo meio interno. Portanto, é necessário sofisticar a oferta de movimentos.
Dr. John J. Ratey (2001) propõe que a genética é importante, mas não determinativa,os tipos de exercícios, sono, dieta, amigosatividades que escolhemos, assim como os objetivos aos quais nos propomos, podem determinar um envelhecer com qualidadedignidade, ou o inverso. A diminuição gradativa da modulação tônica é um fato, no entanto é proporcional a maneira como escolhemos viver.
Conclusão
No processo contínuoaprendizado corpóreo do ser humano em resposta ao seu ambiente, em determinado momento as paratonias que se instalaram, por serem necessárias, passam a impedir novas adaptações, cabe a meu ver o despertar da curiosidade destas pessoas para o ?como estas áreas estão sobrecarregadas?. A hipertonia não aparece em áreas ?fracas?, mas sim em áreas que são extremamente fortesreconhecidas, portanto altamente solicitadas. Quando provenientes de situações traumáticas, também revelam organizações que foram necessárias para lidar com os eventos traumatizantesforam um sucesso, pois a pessoa resolveu o que se apresentava. Ao buscar ajuda esta pessoa está em busca de novas opçõesnão acredito que esteja disposto a mudar o seu porto seguro, que em tantas tempestades a acolheu.
A linguagem utilizada é de extrema importância para o sucesso do aprendizado da modulação tônica, pois deve permitir a formulação de questões que não tenham uma resposta a priori, mas que incentive a pessoa a buscar o simbólico inserido em cada gesto, em cada expressão, em cada movimento, encontrando novas opções.
A expressão humana não se explica pela anatomia, mas sim pelas relações. A beleza emerge da harmonia do genuíno. Ao aceitar que quando me refiro a emoções estou me referindo ao domínio de ações em que uma pessoa se move, ou seja, às disposições corporais que expressam o sentimento (que é subjetivode primeira pessoa) estarei reconhecendo o outro como genuínoúnico. A capacidade de aprendizagem da modulação tônica, ao reconhecer os diferentes estados emocionais, pode favorecer as atividades de relação com o outrocom o meio,talvez permita um comportamento mais ecológico,mesmo ajudar essa pessoa a encontrar aquilo que ela veio buscar na minha oferta de trabalho.
Na próxima parte falarei a respeito de orientação espacial, imagem corporalcomentarei a visão da Dra. Ida Rolf sobre tônus.
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